VIVA SÃO PEDRO !

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Ontem dia do Grande Apóstolo São Pedro , estive na tradicional Capela da Avenida Carlos de Campos . Lá nos fundos existe o antigo Salão de Festas , a antiquíssima Sociedade Beneficente que tanto serviços prestou e presta ao povo pariense. Fiquei em meio às minhas orações ao Primeiro Papa  lembrando da dona Maria, sempre lúcida e que foi Professora de minha mãe quando lá havia uma escola primária. Ao mesmo tempo lembrei do grande Dino, que agitava as festas e que quando saía e chegava a Procissão dava seu célebre grito com seu forte sotaque ítalo – pariense : Viva São Pedro !!.  Lembranças e mais lembranças, mas tudo mudou, mas a Capelinha está lá, bem arrumadinha , com seu pessoal aguerrido e conservando a tradição do nosso bairro , que atravessa um tempo de grande metamorfose e que sem dúvida será melhor para todos e Viva São Pedro !!

Jayme Antonio Ramos

NENÉ, PARIENSE FAMOSO

Hoje vamos falar de outro pariense famoso. Trata-se do Nelsinho ou Nené, infelizmente não sei o seu sobrenome.

Grande cantor do Coral do Teatro Municipal de São Paulo há muitos anos com uma voz potente , bela e absolutamente irretocável, já cantou em inúmeras peças, óperas e apresentações. Nesta foto do Coral podemos ve-lo na escada à  esquerda ele é a quarta pessoa de baixo para cima.

Na outra foto em sua juventude foi um cracaço de bola, o vemos ao lado do Mingo , ele é o segundo da esquerda para a direita na fileira dos agachados, nesta formação do Juvenil Aliança.

Portanto Nené conseguiu se destacar em ambientes tão diferentes , como em campos de várzea, como nos palcos do belo Teatro Municipal.

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OS BAILES DA VIDA

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Bailes do CMTC Clube eram concorridos, eram realizados nos sábados à noite.

Várias turmas do bairro se confraternizavam, num espírito de defesa contra possíveis invasores, principalmente porque eles vinham para ” folgar  no pedaço” .

Esse era o pensamento, mas o principal era dançar, paquerar e beber um pouquinho, porque ninguém era de ferro.

Mas , aconteciam histórias de amor, às vezes de briga e muitas histórias engraçadas.

Nonato era o famoso bico doce, também era chamado de Zé Bonitinho, todo engomadinho, sapato branco impecável, o carro lá na rua a espera da gata a ser conquistada.

Era um exímio dançarino, generoso nos gastos com amigos e ” minas  “, sua mesa era a mais frequentada do salão.

Poucos percebiam, porém , que ele usava uma peruca, muito bem feita, só quem conhecia é que sabia, a iluminação era com luz negra e luzes estreboscópicas ( até hoje eu não sei o quer dizer essa palavra ), portanto não dava para se perceber.

E lá ia Nonato desfilando pelo salão todo o seu garbo.

Mas um dia, sempre existe esse dia, quem surge no baile?

Távio, sim Otávio era seu nome, um gozador , um como se dizia , arreliento.

Frequentador da boca do luxo, com suas boites, Galeria Metrópole e congêneres, não sabemos o que lhe deu na cabeça de aparecer lá no baile.

Baile era uma coisa que ele achava chato e só os frequentou até os 16 anos, dalí para a frente só os chamados ” inferninhos “.

Pois bem , Távio fez o reconhecimento do terreno e como tinha muitos amigos começou a bater papo com vários jovens, a rodinha em torno dele e suas histórias aumentava, como aumentava o volume das gargalhadas , devidas às suas peripécias , que ele narrava.

Nisso ele viu o seu amigo de infância, sim o nosso outro herói, Nonato. Nonato estava ” chavecando ” uma mina, quás,quás,quás daqui, dali, uma dançadinha de rosto colado, um beijinho, ou seja a sua tática infalível, noite garantida.

O que fez Távio?  De longe exclamou:

“-Nonatão , meu amigo, quanto tempo ! ”

Era tudo que Nonato não queria que acontecesse, pois ele achava o seu amigo um chato e sabia que alguma coisa de ruim , estava prestes a acontecer.

Ainda mais que ao dar um grande abraço, ele deixou a sua mão escapar e derrubou a peruca do bailarino. A dama quase desmaia, o bailarino deu uma voadora no Távio, amigos de ambos começaram a discutir, era bandeja do garçom voando, moças escorregando no chão molhado e de pernas para cima,

a banda ( na época se chamava conjunto ), aumentou o som ,mas não deu resultado, o diretor do clube berrava ao microfone para pararem a briga , se não ia chamar a polícia. Cadeiras voavam de um lado a outro do salão, algum gaiato atirou um prato cheio de amendoim no rosto do diretor , os pratinhos voavam , parecia uma batalha de discos voadores. O crooner da banda vociferava parem, parem, alegria ,pessoal , alegria, pronto foi o mote, um frequentador do baile, louco por uma encrenca, aqueles da teoria do quanto pior melhor, subiu no palco e entornou um balde de gelo na cabeça do cantor, que gritava ” acendam  a luz , acendam a luz, filhos da p…! ”

A pancadaria comia solta e ao som das primeiras sirenes da rádio -patrulha, os ânimos se acalmaram, o som voltou e segundo Paulinho Martins que me contou esta história, ninguém acreditou, sentados comendo uma porção de fritas e tomando cerveja, lá estavam Nonato, com a peruca toda molhada, Távio e duas minas, preparando uma esticada na noitada.

Riam às baldas, enquanto funcionárias da limpeza recolhiam , literalmente os cacos daquela briga patética.

Enfim, tudo acabou não em pizza , mas na boite ” La vie en rose ” que era de um pariense lá do Luzitano F.  C. e mais tarde num desses  HO. da João Teodoro.

Como eu digo sempre , o amor tudo vence …

PARI FICARÁ SEM CORREIO

Cartaz afixado na porta da Agência Pari na tarde de sexta-feira avisando sobre o seu fechamento.

A gerente Fabiana que esteve por alguns anos dirigindo a agência foi transferida há mais ou menos um mês para outro local e para cá veio o Gilson. Sabedor da intenção de fechamento ,o novo gerente mostrou-se preocupado e num ato de defesa da entidade, movimentou-se junto a instâncias superiores para evitar esse ato tresloucado , pois foi gasto muito dinheiro nas instalações, muito boas por sinal . Numa sequência de atos que deixam transparecer a intenção de privatizar um orgão público que mesmo com os desmandos de gestões anteriores é lucrativo e altamente competitivo , o governo federal demitiu o General Juarez da Presidência dos Correios, taxando seu discurso de sindicalista. Eu ouvi o citado pronunciamento  e vi apenas e tão somente a defesa de uma entidade moderna e lucrativa.   Pois bem na última semana a direção dos Correios transfere o sr. Gilson, novo gerente da AG Pari , traz de volta a Fabiana , que um dia após sua volta afixa o cartaz de encerramento das atividades da Agência Pari. Mais um ato de prejudicar um bairro que tem um comércio fervilhante , tanto comércio físico como eletrônico. Bairro que arrecada mais impostos que inúmeras cidades do Brasil, se vê cada vez mais abandonado pelas autoridades . Nossos políticos, ah , não mexeram uma palha em defesa de nosso bairro  mais uma vez ,mas no próximo ano voltarão aqui para pedir votos, distribuir calendários , panos de prato, cartões de feliz dia das mães, dos namorados etc.

ANTONINHO MARMO FOI BATIZADO NO PARI

No fim da Grande Guerra e em plena “gripe espanhola”, nascia, nesta Capital, uma criança privilegiada – Com seis meses apenas, acenava para entrar nas igrejas por onde passava – Predisse a solução da velha pendencia entre o Vaticano e o Quirinal – Seu passatempo predileto era “celebrar missas”, no quintal, num altarzinho portatil – Atacado de virulenta tuberculose, sucumbiu aos 12 anos – Sempre protegeu os pobres e os humildes – Conformou-se estoicamente com a breve morte irremediavel – O episodio emocionante do pintasilgo – Um dia, os companheiros do céu vieram buscar o anjinho que baixara à terraSão Paulo possui tambem o seu “santinho”. Um “santinho” que caiu do céu e veio satisfazer a alma popular, que, há muito, não via santos sobre a terra…
É bem comovedora e merece, por isso mesmo, maior divulgação a encantadora historia diferente dessa criança predestinada que foi Antonio da Rocha Marmo, consagrado pela devoção do povo como o “santinho Antoninho”.
Esse suave e exemplar menino paulista, que sobrevoou a terra, durante apenas 12 anos, arrebatado, na flor da idade, por insidiosa enfermidade, trouxe consigo, desde o berço, a aureola da santidade e da espiritual beleza.
Era um pequenino com qualquer coisa de sobrenatural. Uma criaturinha com algo de extraordinario. Foi portador de doce mensagem divina endereçada aos homens esfaimados e egoistas da geração que passa. Veio com uma missão de Deus perante esta humanidade tragica que se suicida na guerra e tinge as mãos de sangue na cobiça insaciavel das coisas materiais. Mas não teve tempo de realizar a sua missão celestial, porque os outros anjos seus irmãos vieram buscá-lo, com medo de que ele, tão pequenino e tão puro, se contaminasse com as peçonhas da terra.
Seu lugar era no céu. E para lá retornou. E lá se encontra na mansão dos justos, gozando as primicias da presença de Deus, enquanto o halo da sua glorificação ainda inebria a pobre humanidade sofredora, que busca lenitivo, alongando os olhos para os céus, numa prece angustiada, bradando por um bocadinho de felicidade…


Baixou à terra um anjo

Antoninho nasceu numa epoca tormentosa que ficou assinalada na historia.
Enquanto, na Europa, rotos da luta sangrenta – uma longa batalha que se prolongava há cinco anos -, os homens matavam-se uns aos outros e, no Brasil, em consequencia, a “gripe espanhola” dizimava vidas preciosas, numa pavorosa epidemia, que se transformara em calamidade publica, o menino prodigio descia à terra…
O calendario marcava o dia 19 de outubro de 1918. E foi naquela casa assobradada da rua Bandeirantes, bem no numero 24, ali no distrito de Santa Efigenia, que seus pais, os paulistas Pamfilo Marmo e dona Maria Isabel da Rocha Marmo, o receberam com indizivel alegria, completando o batalhãozinho ruidoso dos outros maninhos: Maria da Penha, Nair, Ciro e Wanda…
A 13 de junho de 1920 – dia festivo de Santo Antonio – era ele levado à pia batismal, na igreja de Santo Antonio do Pari, servindo de padrinho o casal doutor Oscar Tolens.
Antes, porem, fôra batizado, sob condição em perigo de vida, salvo a tempo por um misterioso medico, que não se sabe quem era e que entrara de porta a dentro, sem ser chamado e sem dizer o nome, num desses designios inexplicaveis de Deus.
Dali por diante passou ele aos cuidados efetivos da boa e dedicada Mariama, como assim era tratada, na intimidade, a empregada de estimação.
Com seis meses apenas, quando levado pela ama a passeiar nas ruas da cidade, Antoninho alegrava-se sobremodo e agitava os bracinhos tenros ao avistar, por acaso, alguma igreja, e, se nela tinha ingresso, transfigurava-se e era tomado de profunda unção ao aproximar-se do altar onde estava a Hostia consagrada.
Se acontecia assistir à benção do Santissimo, procurava ficar de pé e imitava o sacerdote, dando a seu modo a benção aos fiéis com as minusculas mãos. Antoninho era, na verdade, rica alma predestinada.

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Matéria enviada pela Jornalista Érika Augusto.

Em 1945, meu pai fundou um  armazém que deu o nome em homenagem ao Antoninho da Rocha Marmo, que a fé do povo o nomeou santo.