LIVRO DO LAUDO SEGUNDO VICENTINHO MAIS UMA PARTE

Mais um trecho do Livro de memórias do Pari, escrito por Laudo José Paroni.

Vemos hoje mais um trecho do depoimento do Vicente Liguori Neto, o Vicentinho.

Em 196l, nasceu no nosso pedaço o Montreal Clube. O nome escolhido foi uma homenagem ao Rubinho, que foi jogar no Canadá, no Soccer Club de Montreal. Imbatível no futebol de salão, em pouco tempo a equipe tornou-se famosa em toda a cidade.

No início, jogavam Nilsão, Wilson, Berto, Larinha, Nardinho, Carlinhos, Mingo, Tito, Waldir, Parrilha, Mário TV, Duro, Souzinha,  Aldinho, Vicentinho e algum tempo depois, Rubinho. Na nossa torcida, grande e forte, destacavam-se Heitor, Nico, Sebastião Mulato, Nardão, Paschoal, Schiaffino, Irineu  e outros. Mais tarde, chegaram para reforçar a equipe os jogadores Sílvio, Dinez, Waldirzinho, Nelson Chippae, Pelé , Rui, Mimica e Geraldo, entre outros. A fama do Montreal chegou a um nível tão alto que mesmo quem não morava  no bairro torcia pela equipe

nos campeonatos organizados pela Gazeta Esportiva. Como todo clube, o Montreal tinha a sua parte folclórica, que ficava por conta de vários torcedores.

Importante lembrar que os clubes do Pari, Canindé e Brás não jogavam entre si, tal a rivalidade que havia. Entre eles merecem ser lembrados: Lusitano, Estrela do Pari, Serra Morena, Flamengo do Pari, Vigor, 12 de Outubro, Tupi-Guarani, Unidos Clube e Iperoig.

Em 1962, o Brasil foi bicampeão mundial de futebol, mas a comemoração foi fraca. O cenário político interno era lastimável,  depois de passarmos pela renúncia inesperada de Jânio Quadros, em quem o povo depositara total confiança. A confusão era grande e beirava o caos quando, em 1964, aconteceu o golpe militar. Teve início, no País,  um período de repressão sem precedentes na história, com cassações de políticos e de civis. O rádio e a TV amenizavam um pouco a situação, apresentando os sucessos da Jovem Guarda, da Bossa Nova, das músicas românticas italianas e dos boleros. Era o tempo de Roberto Carlos, Erasmo Carlos, Tony Campelo, Jorge Ben, Wilson Simonal, Vinícius de Moraes, Tom Jobim, Toquinho, Jair Rodrigues, Elis Regina, Os Mutantes, Caetano Veloso, Gilberto Gil, Pepino di Capri, Nico Fidenco, Rita Pavone , Lucho Gatica, Bienvenido Granda e tantos outros. Não dá para esquecer e por isso mesmo merece uma menção especial Helô Pinheiro, a Garota de Ipanema, mulher linda, de corpo escultural. Na televisão,  faziam sucesso A Praça da Alegria, Família Trapo, Arrelia  & Pimentinha, o Céu é o Limite, Repórter Esso e  Chacrinha.

Em 1970, quando o Brasil conquistou pela terceira vez a Copa do Mundo , vivíamos uma época de ufanismo imposta pelo governo militar, autor de jargões como

“Brasil, ame-o ou deixe-o”. O futebol servia para encobrir os verdadeiros problemas da Nação. Nessa ocasião, o Pari começava a perder suas características com a chegada de libaneses, coreanos e bolivianos. Muitos da nossa turma casaram-se e  saíram do bairro. Alguns ficaram; mas os encontros já não eram tão freqüentes.

Voltando aos anos 60,  não me esqueço das quermesses de Santo Antônio do Pari, realizadas no pátio do antigo prédio do Grupo Escolar.  A gente, sem grana,  ficava a olhar as garotas e a ouvir, pelo alto-falante, músicas como “Only You”, “Boneca Cobiçada”, Estúpido Cupido” e “Smoke Gets in Your Eyes”, os grandes sucessos de então. De quando em quando, a voz do locutor anunciava:” Vamos ouvir “Estúpido cupido”, que alguém oferece a alguém como prova de alguma coisa”.