As festas juninas do Colégio Santa Teresinha também tinham um sabor especial. Por ser um colégio só feminino, as garotas caprichavam na produção , cada qual querendo ficar mais bonita que a outra, na esperança de ser paquerada pelos rapazes. Aliás, flertar só mesmo com os olhos. O Natalino, dono da Toca, fazia o leilão das prendas. Sempre que iniciava o pregão, indicava um valor que, supostamente, vinha do nosso grupo. Missão impossível, uma vez que nós, sempre duros, jamais arriscaríamos qualquer lance. Só para comprovar a nossa condição de dureza, basta
dizer que quando o colégio resolveu cobrar ingresso ( um valor simbólico), a nossa turma pulou o muro do fundo da escola, no Caminho Velho do Pari.
Nosso grupo ia aos bailes de formatura utilizando ônibus ou bonde, dependendo da localização do salão, e a volta era de táxi ou a pé. Para dividir a despesa, certo dia voltamos do Aeroporto com nove pessoas dentro de um táxi, um Nash enorme e antigo. Alguém sempre levava uma garrafinha de cachaça ao baile, para animar a moçada,
O final da Copa do Mundo de 58 foi uma festa. Éramos mais de 30 pessoas ouvindo a narração do jogo por Pedro Luís, com comentários de Mário Morais, na Toca do Natalino. A vitória do Brasil transformou-se numa comemoração jamais vista por mim. A alegria era total, contagiante. As pessoas se abraçavam, sem se conhecerem. O Taió desmaiou de tanta emoção, a bebida rolava solto. Um garotinho, que estava passando pela Rio Bonito,acabou sendo homenageado e carregado em triunfo pela multidão, que gritava o nome de Pelé. Era uma época em que as pessoas, principalmente as mais idosas, independente de classe social ou origem étnica, gozavam do respeito de todos. Particularmente, gostava de observar a forma como se relacionavam todos, crianças, jovens e velhos. Lembro-me de gente maravilhosa como os srs. Roque, Ademar, Virgílio, Teixeira, Peitudo., Tio Zé, Natalino,os irmãos Vicente, Ângelo e Domingos Tempone, Chico da Vila, Sebastião, David Caetano da Barra, Miguel Espanhol, Osvaldo Bookmaker, Jaime da Venda, Oswaldo Farelli e Dr. João Dentista e das senhoras Pina, Palmira, Ana, Catarina e Dirce, a quem, respeitosamente, rendo minhas homenagens.
VICENTE LIGUORI NETO – Vicentinho
Belo e emocionado depoimento do Vicentinho, parte importante do Livro de depoimentos e memórias do saudoso pariense Laudo José Paroni.