REVENDO TEXTOS

Estamos às vésperas da Copa do Mundo e as  atenções aos poucos vão se voltando para a Seleção Brasileira. Os técnicos de plantão ( 190 milhões ), vão dando os seus palpites. Sempre foi assim e temos certeza que agora não será diferente.

Em 1970, não havia consenso quanto à convocação do  “scratch” canarinho, com muitas preferências e divagações, chegando ao cúmulo de se dizer que o Pelé teria que ser cortado do elenco pois era míope, o presidente General Médici escalando jogador e demitindo técnico, aquela fofoca de sempre, onde rios de tinta, na época de canetas e hoje de cartuchos eram e são gastos para se discutir o peso das nuvens, o sexo dos anjos ,a melhor forma para se enxugar gelo, etc.

Despedida da seleção em 1970 foi no Morumbi, Brasil e Bulgária, uma seleção fraquíssima.

Morumbi lotado, torcida irada com a presença de alguns jogadores como titulares e insuflada pelaimprensa. Vaias o tempo todo e o resultado ? ZERO a ZERO. Mas, foi um 0×0 típico, uma verdadeira pelada, mais do que um placar foi uma nota.

Eu, mais umas vinte pessoas da Turma do Pif-Paf, para quem não sabe é o nome de um bar que existe há décadas no Pari, fomos lá para conferir. Uns , como eu, não estavam nem aí, aquele jogo não valia nada mesmo. Outros, críticos em demasia saíram roucos de tanto gritar contra jogadores, técnicos, massagista,vendedores de sorvete,etc.  O que mais agitava era Pernoca, apelido dado a Isaltino, devido às suas pernas curtinhas. Na saída do ônibus do estádio, fomos lá,na porta do estádio,pelos motivos acima expostos.

Aquela vaia , gestos obscenos para os jogadores, mas a maioria estava alí para se divertir.

Porem Pernoca foi atrás do onibus, que devido o trânsito estar engarrafado se movia lentamente.

O número de pessoas ia diminuindo à medida que o onibus se afastava, diminuindo  até  que Pernoca ficou sozinho e xingando o Brito, zagueiro da seleção, o seu alvo  predileto. O resto da turma ficou para trás e nós até esquecemos do agitador. De repente , não mais que de repente, Pernoca passa em desabalada carreira por nós gritando: ” Olha o Brito, olha o Brito,socoooorro!!

É que o Brito com a paciência esgotada com aquilo tudo, pediu para o motorista parar o ônibus, abrir a porta e gritou sem descer “peraí que eu vou te dar um pau, seu moleque safado” em tom ameaçador, mas só ameaçando.

Até hoje quando nas rodinhas vem a baila a Copa de 70, todos lembram do Brito e riem da corrida do Pernoca apavorado e gritando , sem olhar para trás. Nós demoramos cerca de 40 minutos para acha-lo, no meio de um terreno baldio, atrás de uma moita, tremendo e com um tijolo nas mãos e só saiu com as juras de todos que o onibus da seleção já estava longe.

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